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Por que é preciso decifrar o mundo BANI não linear?

O universo da comunicação digital contemporânea está acostumado a disrupções. Está em seu DNA, é seu modo padrão. Por essa razão, a todo momento surgem novos acrônimos capazes de traduzir cenários, impactos, alterações, significados.

Assim, logo depois do conceito Mundo VUCA (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade em inglês) emergiu o Mundo BANI (acrônimo para frágil, ansioso, não linear e incompreensível). Criado em 2018 pelo antropólogo norte-americano Jamais Cascio, ganhou relevância no ambiente corporativo em 2020, na época da pandemia do coronavírus.

Largamente citado em sites da internet e em apresentações em Power Point, é difícil saber se o contexto BANI é captado na totalidade. Costuma-se dizer que o ambiente corporativo vive mudanças constantes, obrigando empresas a serem capazes de analisar cenários para manter a competitividade em ambiente tão volátil. Como se adequar a complexidades tão desafiadoras? Ah, o Mundo BANI é um conceito que ajuda nesse sentido, dizem sempre para nos tranquilizar.

Confesso que, dos quatro pilares do BANI, exatamente o terceiro (Não Linear) sempre me inquietou. Nunca tive certeza se realmente eu o tinha desbravado verdadeiramente. Somos um pouco cartesianos, com pensamento orientado a seguir percursos lineares e diretos.

Nove entre dez descrições da terceira letrinha no acrônimo dão conta que a não linearidade é uma premissa intrínseca de períodos de incerteza, que representam um grande desafio para empresas. Em momentos incertos, as recomendações são para se evitar planejamentos de longo prazo. Afinal, trata-se de um mundo não linear e incompreensível, que demanda lentes potentes e afiadas para decifrar enigmas.

Na Wikipedia, a expressão não linear “refere-se a todas as estruturas que não apresentam um único sentido”. A estrutura (não linear) apresenta múltiplos caminhos e destinos, desencadeando múltiplos finais. Segundo a Teoria Geral dos Sistemas, a não linearidade é pressuposto de sistemas complexos “e sua intrincada rede leva a caminhos distintos e inimagináveis até mesmo para os criadores do sistema”.

Em hipermídia, ainda segundo a Wikipedia, a não linearidade é pressuposto fundamental do hipertexto. Assim, para uma profissional de comunicação como eu, o conceito começa a ficar mais compreensível, porque em um hipertexto a forma como se apresenta as informações escritas oferece ao leitor liberdade de escolher vários caminhos a partir de sequências associativas possíveis. O leitor “não precisa estar preso a um encadeamento linear único”, explica o Houaiss.

Foi na visita à 35ª Bienal de Arte de São Paulo onde tive o maior insight sobre não linearidade. A temática desta edição – “Coreografias do impossível” – é um convite a sinapses criativas e, de repente, simultaneamente à visita ao percurso nos andares e vãos da mostra artística, tudo se torna possível. a arte estimulando o conhecimento amplo e não linear.

No texto institucional sobre essa incrível 35ª edição da Bienal de Arte de São Paulo, a descrição é cristalina: “Diante das incessantes questões da humanidade, talvez valha a pena conviver um pouco mais com algumas perguntas em aberto, tomando amparo em recursos que permitam escavar e construir processualmente as respostas. Nesse sentido, a arte, em suas variadas faces, oferece sumo fértil para elaborações críticas acerca do mundo e de nós mesmos.” Um fiat lux.

Viva a arte e o Mundo BANI não linear!

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